A oposição peronista ao governo de Javier Milei derrotou nesse domingo (7) o partido do presidente argentino, La Libertad Avanza, nas eleições legislativas na província de Buenos Aires, maior distrito eleitoral, fundamental para as eleições nacionais de outubro próximo.
Com mais de 85% dos votos apurados, a aliança da oposição peronista Fuerza Patria obteve quase 47%, enquanto a La Libertad Avanza (LLA) ficou com quase 34%.
Milei já reconheceu que o LLA sofreu "derrota clara", que "tem de ser aceita", e prometeu fazer o possível para reverter esses resultados.
"Hoje tivemos uma derrota clara e, se alguém quiser começar a reconstruir e seguir em frente, a primeira coisa que precisa ser aceito é o resultado. Hoje, os resultados não foram positivos, tivemos um revés eleitoral e isso precisa ser aceito", disse.
O principal rosto da vitória, a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner (2007-2015) saiu à varanda da sua casa em Buenos Aires, onde cumpre prisão domiciliar, para saudar centenas de apoiadores que alí se reuniram para comemorar. .
"Viste Milei?", escreveu Cristina minutos antes de sair à varanda, em seu seu perfil na rede social X para, em seguida criticar, uma a uma as várias políticas e ações do presidente Javier Milei durante o seu mandato.
Os resultados ainda provisórios apontam para uma vitória do peronismo em seis das oito secções eleitorais que compõem a província, incluindo vitórias categóricas nos dois distritos mais populosos.
A participação ficou ligeiramente acima de 63%, um número inferior ao registrado nas eleições legislativas anteriores (71% em 2021 e 77% em 2017), mas não tão baixo quanto o esperado, considerando que, desta vez, por essas eleições não serem realizadas em conjunto com as nacionais, era esperada maior abstenção.
Atrás da Fuerza Patria e da LLA, a Somos Buenos Aires, uma frente política composta por setores peronistas opostos ao kirchnerismo (o vencedor da noite), registrou pouco mais do que 5% dos votos. Em quarto lugar, a Frente de Izquierda y de los Trabajadores Unidad ultrapassou ligeiramente os 4%.
Confirmados esses resultados, a Fuerza Patria, que governa a província desde 2019, ficará com 13 dos 23 assentos no Senado, que estavam em jogo nesta eleição e 21 dos 46 assentos disputados.
A LLA, por sua vez, ficará com oito dos 46 assentos no Senado e ainda 18 assentos na Câmara Baixa, que conta com um total de 92 cadeiras.
O peronismo conseguiu se impor não só ao partido de Milei, mas também à Propuesta Republicana (Pro), partido conservador liderado pelo ex-presidente argentino Mauricio Macri (2015-2019), que participou destas eleições em coligação com a LLA.
Tanto o governo de Milei quanto o peronismo - a principal força de oposição na Argentina - escolheram como estratégia política apresentar a eleição provincial como batalha fundamental para se posicionarem com solidez para as eleições nacionais de 26 de outubro, nas quais será parcialmente renovada a composição do Parlamento.
A província de Buenos Aires tem peso eleitoral importante, uma vez que concentra 38,6% da população da Argentina.
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