A Ucrânia rejeitou neste sábado (7) as acusações russas de ter "adiado" a troca de prisioneiros e de corpos de milhares de soldados mortos, que deveria ter ocorrido após um acordo alcançado na segunda-feira (2), ao final de negociações russo-ucranianas.
"As declarações feitas hoje pela parte russa não correspondem à realidade nem aos acordos anteriores", indicou, na plataforma Telegram, o Quartel-General de Coordenação para o Tratamento dos Prisioneiros de Guerra, acusando a Rússia de "jogos desleais" e de "manipulações".
"Apelamos à parte russa para que não crie obstáculos artificiais nem divulgue declarações falsas para evitar a devolução dos prisioneiros ucranianos ou para não repatriar os seus próprios prisioneiros", declarou o Ministério da Defesa da Ucrânia, em nota publicada no Telegram.
O ministério, liderado por Rustem Umérov, que chefia também a delegação negociadora ucraniana, denunciou tratar-se de mais uma tentativa de "reverter" posteriormente o que foi acordado em Istambul, na Turquia, o que "volta a levantar dúvidas sobre o nível e a capacidade da equipe negociadora russa".
O organismo ucraniano responsável pelos prisioneiros de guerra explicou que "a Ucrânia entregou as suas listas para a troca, elaboradas com base nas categorias claramente definidas durante as negociações em Istambul: gravemente feridos, gravemente doentes, segundo a fórmula `todos por todos` e soldados jovens".
"A parte russa apresentou listas que não correspondem ao critério acordado. A Ucrânia fez os comentários pertinentes e agora o próximo passo cabe à parte russa", acrescentou o organismo na rede social.
Quanto à troca de corpos de soldados caídos em combate - também consensualizada na cidade turca -, as autoridades ucranianas garantiram que ainda não foi fixada uma data e acusaram a Rússia de recorrer a "ações unilaterais".
"Infelizmente, em vez de um diálogo construtivo, enfrentamos mais uma vez manipulações e tentativas de instrumentalizar questões humanitárias sensíveis para fins midiáticos. Estamos interessados num resultado concreto: o regresso dos nossos prisioneiros e dos corpos dos mortos em combate, e estamos dispostos a continuar a trabalhar nesse sentido, dentro do quadro acordado", afirmou a instituição.
O comunicado é concluído com um apelo a Moscou para que "ponha fim aos jogos sujos" e regresse ao trabalho construtivo, com vista à implementação, nos próximos dias, do que foi acordado.
A Rússia acusou hoje a Ucrânia de ter adiado a troca de prisioneiros e de milhares de soldados mortos que deveria ter ocorrido neste fim de semana, indicou o chefe da equipe negociadora russa, Vladimir Medinski.
O acordo havia sido firmado após a segunda sessão de negociações entre a Rússia e a Ucrânia em Istambul.
"A parte ucraniana adiou inesperadamente a recepção dos corpos e a troca de prisioneiros de guerra para uma data indeterminada. Apresentaram diversas razões e todas bastante estranhas", afirmou Medinski, na rede social Telegram.
Medinski garantiu que a parte russa, "em estrita conformidade com o acordado em Istambul", começou nessa sexta-feira (6) a cumprir o acordo humanitário de entregar à Ucrânia 6 mil corpos de militares do Exército ucraniano mortos em combate, bem como de trocar militares feridos e gravemente doentes e prisioneiros de guerra com menos de 25 anos".
Na quarta-feira, o presidente ucraniano anunciou que Kiev e Moscou iriam trocar 500 prisioneiros de guerra, de cada lado, no fim de semana, depois de terem concordado, dois dias antes, em libertar os feridos, gravemente doentes ou com menos de 25 anos.
A Rússia e a Ucrânia já tinham acertado trocar mil prisioneiros de cada lado, no primeiro encontro direto entre representantes dos dois países em três anos, também realizado em Istambul, em 16 de maio. A troca, a maior de toda a guerra, ocorreu dias depois, em três fases.
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