23/10/2024 | 15:00 | G1 Paraná
Apreensão no Paraná revela comércio de armas entre militares do Paraguai e criminosos brasileiros
BPFRON

Uma apreensão de armas feita pelo Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) revelou um esquema de compra e venda armas envolvendo militares do Paraguai e criminosos brasileiros, informou a Direção de Materiais Bélicos do Paraguai (Dimabel) em entrevista coletiva.

Em 14 de outubro, próximo ao pedágio desativado de São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná, os agentes do BPFron apreenderam um fuzil e seis pistolas. As armas estavam com uma mulher de 30 anos, que viajaria de ônibus para São Paulo.

As autoridades paraguaias afirmam que, com a colaboração da Polícia Federal brasileira, foi possível descobrir de qual local do Paraguai as armas saíram.

Elas eram de uma loja de armas que fica em Assunção, capital do Paraguai. Segundo a investigação, a loja era um centro de um esquema de tráfico internacional de armamento envolvendo militares e criminosos brasileiros.

As autoridades paraguaias afirmam que pelo menos 100 agentes do país estavam envolvidos no esquema, entre policiais, militares da Marinha e da Aeronáutica. Nomes de possíveis envolvidos não foram divulgados.

De acordo com a investigação das Forças Armadas e da Direção de Materiais Bélicos do Paraguai (Dimabel), órgão paraguaio responsável pela fiscalização de armas, os criminosos pagaram para que agentes das forças de segurança comprassem armas que depois seriam enviadas ao Brasil.

“As lojas de armas tinham recrutadores que estavam infiltrados entre os agentes das forças de segurança. Eles convenciam esses agentes a comprar armas em troca de dinheiro. Dessa forma, eles burlavam o sistema de controle, ou legalizavam o procedimento dentro da casa comercial, e retiravam as armas sem levantar suspeitas da Dimabel. Depois, essas pessoas entregavam essas armas a organizações criminosas", afirmou o diretor da Dimabel, Melanio Salomón Servin Aquino.

Contornando a fiscalização

Para driblar a fiscalização, após a compra, os agentes envolvidos alegavam que as armas tinham sido furtadas, mas não faziam isso logo após o suposto furto.

"A lei determina que, em caso de perda de uma arma, o dono deve comunicar a polícia em um prazo máximo de 72 horas. Para não chamar a atenção, eles não cumpriam esse prazo, deixando passar 20, 15 dias, até um mês antes de comunicar", explicou o diretor da Dimabel, Melanio.

A Polícia do Paraguai prossegue com as investigações e não revelou outros detalhes.

A Polícia Federal brasileira foi acionada e informou que não comenta sobre investigações em andamento.

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