22/10/2023 | 09:55 | G1 Paraná
Operação prende quatro integrantes do MST no PR um dia após PMs serem rendidos em manifestação
Reprodução/RPC

Operação policial prendeu quatro pessoas e levou outras oito à delegacia para prestar depoimento durante ação em acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta sexta-feira (20) em Guarapuava, na região central do Paraná.

A Polícia Militar disse que a ação buscou cumprir dois mandados de prisão e um de busca e apreensão expedidos pela Justiça após integrantes do MST descumprirem ordem judicial que proibia o bloqueio da PR-170, e, segundo a corporação, agredirem e ameaçarem três policiais que negociavam a desocupação.

A ação, que envolveu quase 100 agentes, foi nesta sexta-feira (20), um dia após integrantes do MST renderem dois policiais durante protesto na PR-170.

O MST afirmou, em nota, que policiais cometeram abusos durante a abordagem desta sexta. O movimento denuncia, por exemplo, que os agentes furaram pneus de veículos dos assentados e impediram a comunicação e o deslocamento das pessoas alojadas no espaço.

"Todos os demais moradores da comunidade foram impedidos de entrar ou sair do local. Assentados que trabalham em empresas da região relatam que tiveram pneus de veículos furados e não puderam sair para o trabalho. [...] Policiais Militares invadiram casas de famílias assentadas, sem apresentar mandado judicial. Há vários relatos de danos às casas, extravio de documentos e roupas, e apreensão de instrumentos de trabalho como enxadas, facões e foices", diz nota do MST.

Na avaliação do movimento, a ação policial foi "desproporcional" e "desmedida", visto que no dia anterior foi marcada reunião de negociação para esta sexta com a Ouvidoria Agrária Nacional, da Ouvidoria Agrária estadual e do Centro Judiciário de Soluções de Conflitos (Cejusc) do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).

Ao todo, 98 agentes participam da ação, entre equipes da Polícia Militar (PM) e do Pelotão de Choque da PM, da Polícia Civil, Polícia Rodoviária, Polícia Ambiental e do Corpo de Bombeiros.

Quatro pessoas foram presas e outras oito serão indiciadas

De acordo com a Polícia Civil, todos os 350 integrantes do movimento que estavam no local foram abordados e identificados.

Foram apreendidas duas pistolas com munições, uma espingarda e munições.

Quatro homens foram presos por porte de arma e/ou porte de munição. Eles têm de 30 a 58 anos.

A Polícia Penal disse que a um dos presos foi concedido do direito de fiança - ele pagou o valor fixado e foi liberado, os outros três seguem detidos enquanto aguardam decisão da Justiça.

Outras oito pessoas foram levadas à delegacia de Polícia Civil para prestar depoimento e foram liberadas porque não houve flagrante. Elas serão indiciadas por resistência, desacato e lesão a policial militar. Segundo a polícia, todos negaram envolvimento nos crimes.

A advogada Vanesca Toledo Karspinski atua na defesa dos quatro presos e das oito pessoas levadas para prestar depoimento.

Em nota, ela disse ser prematura qualquer conclusão e que a ampla defesa será exercida ao longo do processo.

"Os investigados colaboraram prontamente com a justiça, respondendo todos os questionamentos que lhe foram formulados pela autoridade policial e estarão à disposição da justiça para todo e qualquer esclarecimento, de modo a contribuir com as investigações de forma a revelar a verdade sobre os fatos", finaliza a nota.

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