27/09/2023 | 14:05 | G1 Paraná
Entenda o estudo da Unila que usa cannabis para tratar Parkinson de Eduardo Suplicy (PT)
1 de 3 Entenda o estudo com cannabis da Unila usado no tratamento de Parkinson de Eduardo Suplicy (PT) — Foto: Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila

Entenda o estudo com cannabis da Unila usado no tratamento de Parkinson de Eduardo Suplicy (PT) — Foto: Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila

O tratamento com derivados de cannabis sativa - a planta da maconha - feito pelo deputado estadual de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) faz parte de um estudo científico coordenado pelo professor e pós-doutor em neurofarmacologia, Francisney Nascimento, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

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Na semana passada, o político revelou em audiência pública na Câmara dos Deputados ter sido diagnosticado com Parkinson e citou o tratamento. A sessão discutiu a regulamentação da produção e o uso da cannabis medicinal para fins medicinais e terapêuticos.

De acordo com o coordenador do estudo, o tratamento do parlamentar começou em julho e consiste em usar, via oral, um extrato derivado da cannabis sativa.

O extrato, conforme o pesquisador, contém as substâncias que estão em todas as plantas de cannabis: o canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC).

As duas substâncias, de acordo com ele, ajudam a tratar os principais sintomas do Parkinson, que afeta os movimentos e causa tremores, lentidão, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita.

"É uma extração química, como se fosse um chá. [...] É uma solução liquida que ele toma algumas gotas por dia. [...] O CBD é importante para o relaxamento do paciente, para a ansiedade também, e para dor que alguns pacientes com Parkinson tem. Já o THC é o principal responsável pela redução ou tentativa de redução dos tremores ou da dificuldade de começar ou iniciar um movimento e a rigidez muscular", afirmou o pesquisador.

Uso da substância é avaliado por especialistas

2 de 3 Professor Nascimento desenvolve pesquisas sobre substâncias canabinoides — Foto: g1 PR

Professor Nascimento desenvolve pesquisas sobre substâncias canabinoides — Foto: g1 PR

O uso das substâncias, conforme Nascimento, é monitorado por especialistas do Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila, em parceria com o Núcleo de Cannabis Medicinal do Hospital Sírio Libanês de São Paulo.

No hospital paulistano, Suplicy faz acompanhamento com a neurologista Luana Oliveira, integrante do núcleo que trabalha com a prescrição do uso do planta na unidade hospitalar.

Os dados sobre dosagem e tratamento do parlamentar são repassados a Nascimento e ao médico responsável pelo estudo, o professor Elton Gomes da Silva. Juntos, os profissionais da Unila fazem a "avaliação clínica".

"Avaliamos a questão do tremor dele, a questão dos movimentos, da fala, de dor, de depressão, de sono. Todas essas funções que são comuns ou problemáticas em pacientes com Parkinson a gente está avaliando nele", explicou o pesquisador.

O tratamento com cannabis, no entanto, é complementar e não substituiu a medicação convencional para tratamento da doença, que não tem cura.

Atualmente, Suplicy é o único paciente do estudo conduzido no Paraná, uma vez que cada paciente é avaliado e monitorado individualmente.

Conforme Nascimento, o deputado, assim como outros oito pacientes que já participaram do estudo, é voluntário, conforme estabelece resolução do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as pesquisas envolvendo humanos.

Até o momento, os efeitos têm sido satisfatórios, como o próprio parlamentar afirmou na sessão.

Para Nascimento, no entanto, é necessário que mais estudos continuem sendo realizados para que não reste dúvida quanto à eficácia da planta no tratamento da doença.

"Os ganhos são principalmente na parte motora, nos tremores, como ele [Suplicy] tem falado, mais ativo, mais disposto. Mas estamos em fase de análise, então, daqui alguns meses poderemos fechar todos dados estatísticos para de fato mostrar no papel, em números, o quanto ele está melhor", destacou o publicador.

Cannabis atua contra envelhecimento

3 de 3 Cannabis é usada no tratamento contra Parkinson de Suplicy — Foto: Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila

Cannabis é usada no tratamento contra Parkinson de Suplicy — Foto: Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila

Nascimento explicou que a cannabis, de modo geral, auxilia no que ele chamou de "efeito geral antienvelhecimento", isso porque as substâncias relacionadas a ela e usadas medicinalmente atuam contra três aspectos relacionados ao envelhecimento e ao surgimento de doenças:

estresse oxidativo (células vão produzindo substâncias tóxicas);inflamação (processo normal devido ao envelhecimento );morte de neurônios.

Tais benefícios garantem que a planta seja usada atualmente no núcleo da Unila também em pesquisas relacionadas ao tratamento de outras doenças como Alzheimer e esclerose múltipla.

"A cannabis reduz o estresse oxidativo, reduz as substâncias tóxicas, reduz a inflamação e também aumenta a longevidade dos neurônios e os protege da morte. Então são três efeitos muito importantes da cannabis relacionados ao envelhecimento. A cannabis tem efeito de neuro proteção, ou seja, protege os neurônios da morte o que é superimportante para doenças como Parkinson, Alzheimer, para esclerose múltipla", detalhou o pesquisador.

Uso medicinal da cannabis

O uso medicinal da cannabis está previsto em resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As normas permitem a importação e o registro de medicamentos com base em substâncias derivadas da planta.

A obtenção dos medicamentos também é possível pelas associações canábicas autorizadas judicialmente. O cultivo doméstico, no entanto, ainda depende de decisões na Justiça.

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