02/06/2023 | 08:10 | G1 Paraná
Mulher agredida e morta atropelada em Cascavel: motorista diz ter fugido por medo de linchamento, diz delegado
Divulgação

O motorista que atropelou Daiane de Jesus Oliveira no centro de Cascavel, no oeste do Paraná, afirmou à polícia que fugiu do local por medo de linchamento, segundo Fabiano Moza, delegado responsável pelo caso. O homem de 37 anos foi ouvido na quarta-feira (31).

À polícia o homem afirmou também que ouviu o barulho do impacto, mas acreditou que se tratava de um animal.

Conforme o delegado, o homem alegou que descobriu que a vítima era uma pessoa ao amanhecer, por meio da imprensa.

A jovem de 28 anos morreu ao ser atropelada e arrastada por 70 metros por um carro após ser agredida por seguranças de uma casa noturna e abandonada no meio da rua por eles.

Em depoimento o motorista negou que ingeriu bebidas alcoólicas no dia do acidente e que estava dentro do limite de velocidade da vítima. O delegado afirmou que as investigações continuam a fim de confirmar a veracidade das informações.

Ainda segundo Moza, ele pode responder por homicídio culposo, com aumento de pena por omissão de socorro.

Segurança foi ouvido

Conforme Moza, um dos seguranças que aparecem nas imagens, uniformizado, foi ouvido na condição de testemunha. Segundo o delegado, a decisão aconteceu porque verificou-se que a conduta dele não foi relevante para Daiane ser "jogada" na rua.

O segurança relatou à polícia que a responsabilidade do trabalho dele era na parte interna da boate, fazendo o controle de acesso, e, por conta disso, evitou interferir na situação.

Ele disse ainda que esperava que o outro segurança, policial penal que agride a mulher, tomasse alguma atitude em relação à retirada da mulher do meio da rua.

Em relação à briga, a defesa do homem afirmou que ele não interferiu porque foi orientado pelo policial penal a se afastar.

O delegado informou que verifica se houve omissão do segurança por não tomar atitude de tirar a mulher do meio da rua. Entretanto, até o momento, ele é classificado como testemunha e não investigado.

Mulher ficou 25 minutos em frente à casa noturna

A investigação analisou imagens de câmeras de segurança registradas duas horas antes e duas horas depois do atropelamento de Daiane.

Os registros mostram que a mulher chegou no local cerca de 25 minutos antes do início da confusão, já seminua.

De acordo com o delegado, a atitude que os seguranças deveriam ter tomado era a de acionar as autoridades, como Guarda Municipal ou Polícia Militar, para retirar a mulher do local, uma vez que ela estaria cometendo o crime de ato obsceno.

Inquérito ainda não foi concluído

O delegado afirmou que o inquérito ainda não foi concluído. Ele afirmou que pretende ouvir mais testemunhas nos próximos dias, entre elas o policial penal e algum familiar da vítima.

Até o momento, conforme Moza, sete pessoas foram ouvidas: as cinco testemunhas que fizeram o sinal para o veículo, o segurança que aparece uniformizado e o motorista do carro.

Apenas uma delas viu a mulher sendo empurrada na via, mas todas apresentaram a mesma versão sobre o atropelamento, segundo o delegado.

Moza afirmou ainda que a investigação busca apurar se o policial penal assumiu o risco de Daiane ser atropelada ao deixá-la largada no meio da rua.

"Será apurada a conduta dele que fez a vítima estar no meio da pista e posteriormente ser atropelada", afirmou.

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