A família de Carlos e Mariana Arasaki chama a atenção em um mundo obcecado por contraceptivos e planejamento familiar. Casados há 10 anos, eles são pais de dez filhos, contando os dois gêmeos que devem nascer em março. A foto com que anunciaram a chegada dos dois mais novos herdeiros, com uma espécie de “escadinha” numerada com balões dos filhos viralizou nas redes sociais. A tal ponto que chamou a atenção dos meios de comunicação. O casal virou notícia em diversos sites. Mas os sites omitiram a razão profunda pela qual Carlos e Mariana têm sua grande família: os Arasaki são católicos.
“Para nós, essa repercussão nunca foi planejada, nós só nos abrimos. Quando você abre seu coração para Deus entrar e a providência poder fazer o que ela precisa fazer, você sabe que não vai se arrepender, porque tomou a decisão correta”, afirmou Carlos.
Para o casal, essa foi uma oportunidade de falar sobre a importância de estar aberto a receber os filhos que Deus enviar. Para Carlos, o principal é que a mensagem que transmitem é “universal”, “é uma oportunidade de poder passar para todas as pessoas, de todas as religiões”, o valor de “se abrir à vida”.
A foto da família Arasaki com seus dez filhos foi postada no Instagram @coracaodemami. Segundo Mariana, esta conta na rede social foi criada para atender ao pedido de conhecidos que perguntavam como a família lidava com tantos filhos. Inicialmente, a ideia era partilhar essa experiência apenas com amigos. Mas, o alcance foi bem maior. A conta, lançada no início de outubro, já possui mais de 75 mil seguidores. Para o casal, o objetivo ao partilhar suas experiências é “despertar a atenção das pessoas de que a paternidade e a maternidade são o principal, muito mais do que estar focado no seu dinheiro, em crescer profissionalmente, para onde vai viajar, questões egoístas”. “O ponto fundamental é você deixar seu coração aberto para Deus, porque ter uma família numerosa não é um pedido que Jesus vai fazer a todos. Mas, para cada um Ele tem um pedido diferente, para uns Ele tem um, para outros, dois, para outros Ele vai pedir a adoção. E todos os chamados são lindos”, disse Mariana.
Para Mariana e Carlos, o caminho que trilharam até a construção de uma família numerosa foi possível porque “fazer a vontade de Deus sempre foi o plano de nossas vidas”. O casal se conheceu em um domingo de Páscoa, na igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo (SP). Desde então, ainda como amigos, passaram a “ir à missa diária, rezar o terço”. Tinham “uma vida de oração juntos”, contou Mariana. “Já tínhamos uma maturidade na época de que queríamos fazer a vontade de Deus”, disse Carlos. “Deus iria cuidar de nós e nos mostrar nossa vocação, qual caminho deveríamos seguir”.
Depois do casamento, Carlos e Mariana não definiram quantos filhos queriam ter. Segundo Carlos, a decisão de ter muitos filhos “não é algo imediato, é uma vivência que você vai percebendo quando vai criando os primeiros filhos”. É necessário abdicar de “diversas situações que estava acostumado quando solteiro, quando era uma pessoa que não tinha tantas responsabilidades, que não tinha que cuidar de uma família”, diz. “Você só descobre tendo novos filhos que eles são uma bênção, são um tesouro, uma dádiva e alegram, complementam a sua vida”.
Para Mariana, com esta abertura à vida, é possível “entender um pouquinho do amor de Deus por nós, porque cada filho que chega não é que o nosso amor se divida, pelo contrário, ele se multiplica” e, com o nascimento de cada filho, Deus “melhora nossos defeitos, vai nos dando sabedoria para conduzir a família”. “É algo muito especial”, declarou.
Carlos contou que cada “filho é um mundo novo de oportunidades que se abre”. “Você vê esse filho de um tipo de personalidade mais tímido, outro mais líder, outro mais sorridente. Então, vê que cada coração é um tesouro que Deus te dá para você descobrir mais coisas sobre a vida, sobre o amor de Deus”. Por isso, não se pode colocar limitações, “não há limitações para o amor de Deus”. “Falam em limitações financeiras, de tempo, limitações egoístas do que vou fazer com minha carreira ou determinados planos que eu tenho. Mas, na verdade, os planos de Deus são muito mais ricos e maiores”.
Membros do Apostolado da Oração, Carlos e Mariana veem sua vida em família também como um testemunho. “É como a pedra na água que você joga e vai fazendo círculos concêntricos e isso vai expandindo. Quanto mais filhos, mais amigos, mais famílias que vão se aproximando. Grande parte desse apostolado é um apostolado que é automático. As pessoas olham na rua e não precisamos falar nada”, disse Carlos, que também é membro da prelazia pessoal da Opus Dei. Mariana lembrou que, muitas vezes durante um passeio, quando as pessoas os veem com várias crianças e ela grávida, param a família “para perguntar se é tudo nosso, se é do mesmo pai e da mesma mãe”.
Como muitas famílias, o casal também já se perguntou se iria dar conta. “Esse dar conta é se vamos ser capazes de dar a formação correta”, diz Mariana, “e não do trabalho em si, porque, depois que você vai tendo os filhos, o trabalho se automatiza e não fica algo trabalhoso”. Para Carlos, o importante é “fazer o melhor todos os dias para fazer aquilo que está dentro do seu controle”. Assim, é preciso se dedicar às “coisas que posso influenciar positivamente, administrar bem o meu lar, acompanhar os meus filhos, tomar os cuidados necessários para que eles se formem bem. Mas, o resto da vida é imprevisível, tanto para uma pessoa, quanto para quinze, vinte pessoas. Então, você tem que abrir mão da tentação de querer controlar tudo”.
Essa confiança em Deus e fé são vividas pela família no cotidiano. “São pequenos detalhes que fazem a diferença”, disse Mariana. “De manhã, vamos para a escola rezando o terço no carro e cada um reza um mistério e cada um faz seus pedidos pessoais; nas refeições, agradecem sempre pelo alimento e, antes de dormir, também fazem a oração”, contou Carlos. Outra prática é oferecer tudo a Jesus. “Buscamos ensinar para as crianças que Jesus se alegra muito com isso. Se estamos tristes, felizes, para oferecermos para Ele. Quando eles não querem comer uma comida diferente, eu converso e falo da importância, digo: ‘mamãe também não gosto de muita coisa, mas faz por Jesus, porque na vida a gente não faz só o que gosta’. Então, estou sempre tentando mostrar esse lado para eles”, disse Mariana.
As crianças trazem em seus nomes a marca da devoção católica da família. “Sempre nos inspiramos nos nossos santos de devoção. Então, para cada filho tem uma história diferente”, disse Mariana. A primeira filha do casal, de nove anos, chama-se Maria Philomena. A mãe alcançou uma graça por intercessão de santa Filomena quando era jovem e prometeu dar o nome da santa à sua primeira filha. “E ela nasceu no dia da apresentação de Nossa Senhora, então meu marido falou que não tinha como não ser Maria Philomena”. As meninas todas levam o nome de Nossa Senhora: Maria Clara, de 7 anos, Maria Sophia, de seis, Margarida Maria, de três, Maria Madalena, de dois, e Stella Maria, de dez meses. Os meninos são Martin, de oito anos, e Bernardo, de quatro. Os gêmeos que ainda estão no ventre da mãe se chamarão João Pio e Josemaría, por causa de “são Josemaria Escrivá, nosso santo do coração; João de várias santos e Pio por Padre Pio” de Pietrelcina, de quem Mariana é muito devota. São Josemaria Escrivá foi o fundador da Opus Dei.
“Descobri que eram gêmeos foi um dia que tive um sangramento e fui ao consultório da minha médica”, conta Mariana. “Achei que seria atendida rápido, mas Deus tem sempre um plano. Eu cheguei lá e demorou um pouco. Enquanto eu esperava, comecei a chamar por Padre Pio e pedir que intercedesse por meu bebê, para que fosse feita a vontade de Deus. Então, fui pedindo a ele a graça. Enquanto fazia a ultrassom, minha médica começou a rir e perguntou e disse: ‘Você não imagina porque eu estou rindo? São gêmeos!’ Meu coração, então, pulou de alegria, parecia que tinha se dilatado cinco vezes mais e eu ia explodir de felicidade”, contou Mariana. Ao refletir sobre esse episódio, Carlos contou que lembrou de são Felipe Néri, “que na hora que foram exumar o corpo dele viram que o coração dele era maior do que o de uma pessoa normal. É a mesma questão, o seu coração se dilata, seu amor se multiplica, a sua felicidade já não tem mais limites. Por que você vai limitar sua felicidade?”