O corpo de uma mulher de 24 anos foi encontrado em uma cerâmica desativada em Canelinha, na Grande Florianópolis, na manhã de sexta-feira (28). Segundo a Polícia Civil, ela estava grávida, foi morta a tijoladas e tinha cortes na barriga provocados por estilete.
A suspeita é que uma amiga da vítima, de 26 anos, tenha feito uma emboscada para cometer o assassinato e ficar com a recém-nascida. Ferida, a bebê foi levada a um hospital pela suspeita e o marido. Ambos foram presos.
O delegado Paulo Alexandre Freyesleben e Silva disse que a mulher confessou o crime e que ele foi premeditado. A identificação do casal preso não foi divulgada por causa da Lei de Abuso de Autoridade. Até as 16 horas, nenhum advogado havia se apresentado para fazer a defesa dela.
A bebê foi internada no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. Segundo uma amiga da vítima, o nascimento da menina estava previsto para 22 de setembro.
Como aconteceu o crime
A vítima estava desaparecida desde a tarde de quinta-feira (27). Segundo o delegado Paulo Freisleben da Silva, ela teria sido levada até o local do crime por uma amiga.
"Ela [suspeita] disse engravidou no ano passado e perdeu esse bebê em janeiro, mas não comunicou aos familiares, inclusive nem teria falado para o marido, que estaria muito empolgado com a gravidez dela. Ela manteve a alegação da gravidez e neste período começou a cogitar o homicídio da vítima em razão da coincidência de prazos da gestação. Ontem [quinta] ela disse para vítima que iria fazer um chá de bebê e convidou a vítima para participar", explicou Silva.
No entanto, a amiga acabou levando a vítima até a cerâmica desativada, afirmando que seria um ponto de encontro com outros convidados. No local, ela atingiu a vítima com tijoladas na cabeça. "Depois, com um estilete fez o corte na barriga para tirar o bebê do ventre da mãe. A ideia dela era matar a mulher e ficar com a criança", disse o delegado.
O estilete foi encontrado no local do crime. O corpo da vítima foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) em Balneário Camboriú, no Litoral Norte. Ainda não há previsão do laudo com as causas da morte, de acordo com o órgão.
"Ela [suspeita] é extremamente fria, em momento algum ela demonstrou algum tipo de arrependimento ou algum tipo de culpa em relação a toda a situação", afirmou Silva. Já o marido dela, estava nervoso e chorou durante o depoimento ao delegado.
Internações da suspeita e da bebê
O delegado explica que depois do crime, a suspeita teria enviado mensagens por volta das 17 horas de quinta-feira para profissionais da área da saúde falando sobre o próprio parto em via pública. Ela também citou ao delegado que teria recebido ajuda de populares para conseguir chegar até o condomínio onde reside.
Ainda de acordo delegado, a suspeita foi junto com o marido foi ao Hospital e Maternidade Maria Sartori Bastiani, em Canelinha, onde voltou a dizer que havia tido um parto e levou a recém-nascida. Na unidade de saúde, a Polícia Militar foi acionada pela equipe médica, por volta das 21 horas, por uma suspeita de lesão corporal contra uma criança.
"Foi constatado o fato que ela [recém-nascida] tinha cortes profundos provocados por um objeto cortante. Diante da informação, não havendo outros indícios do cometimento de um homicídio, apenas a lesão corporal, lavrou um boletim de ocorrência e seguiu as atividades normais", disse o tenente-coronel da Polícia Militar Daniel Nunes.
Nunes explica que chegou até a suspeita após a PM receber a informação de que havia uma grávida desaparecida e que a última pessoa que ela teve contato seria a amiga supostamente gestante, que teria chegado até o hospital para ser atendida.
"Voltamos ao hospital e fazendo todo o contato e uma nova entrevista com a suposta parturiente, a qual confessou que tinha cometido o homicídio para subtrair a criança da vítima [...] se trata de um crime premeditado para a subtração de um bebê", disse.
O delegado afirma que durante o primeiro atendimento médico prestado à mulher, a equipe não identificou indícios dela ter feito um parto recente. A unidade de saúde não informou mais detalhes do caso, mas disse que médicos e funcionários vão prestar depoimentos durante esta tarde em Tijucas.
A criança foi encaminhada ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, a pedido da unidade de saúde de Canoinhas. A Secretaria de Saúde Estadual informou que recebeu a paciente e não está autorizada a divulgar outras informações. Um exame de DNA será feito para verificar se era filha da vítima.
O delegado afirmou que o marido da suspeita foi preso quando foi realizar a retirada da criança no hospital. Ainda de acordo com o delegado, o casal foi autuado em flagrante por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e lesão corporal gravíssima na criança.
A polícia ainda aguarda o resultado de laudos periciais, imagens de câmeras de segurança e irá fazer diligências complementares para verificar se houve participação de outras pessoas no crime.
Desaparecimento
A vítima estava grávida de 38 semanas e era diabética, informou a Prefeitura de Canelinha. Ela é pedagoga e já trabalhou como professora temporária. Neste ano, ela estava trabalhando em uma loja. Por estar no grupo de risco do coronavírus, estava afastada do trabalho presencial.
Na quinta-feira (27), ela saiu de casa a pé para ir em a chá de bebê surpresa, segundo Jeisiane Benevenute, amiga da vítima desde a infância e escolhida para ser madrinha da bebê junto com outro casal.
Sem ter notícias da amiga até a noite de quinta, Jeisiane e a família fizeram postagens em redes sociais informando o desaparecimento. Pela manhã, amigos e familiares souberam que o corpo foi encontrado.
"A família viu ela morta. Agora me acalmei, mas hoje de manhã quando eu soube da morte, desabei", disse.