17/06/2020 | 18:55 | G1
Pastor chama fiéis de igreja de Toledo de 'moreninhos, encardidos e sujos' em live, e fala repercute na internet
Twitter Reprodução

O pastor Rodrigo dos Santos disse que fiéis da Igreja Batista do Calvário, de Toledo, no oeste do Paraná, eram "moreninhos, encardidos e sujos". A frase foi dita durante uma live em uma rede social, feita com a esposa dele, enquanto contava como se conheceram.

Na ocasião, Santos contou que a mulher dele, que é loira, se destacou entre os demais fiéis da igreja que frequentavam anos atrás. A fala do pastor gerou repercussão nas redes sociais. 

De acordo com a fundadora da Embaixada Solidária de Toledo, Edna Nunes, representantes da Associação dos Jovens Haitianos (Ajohavito), do Grupo Senzala de Capoeira e do Instituto Quilombo Tekoah estiveram em contato, nesta quarta-feira (17), e decidiram abrir um processo contra Rodrigo pela denúncia de racismo.

O boletim de ocorrência sobre o caso será feito na quinta-feira (18), segundo a Edna.

"O preconceito que sentimos na fala desse moço é o que a gente vê de forma velada todos os dias. Mas na sociedade, na escola, nas igrejas, o preconceito se mostra como um crime perfeito, pois as pessoas falam isso de forma mascarada no dia a dia", explicou Edna.

Pedido de desculpas

A live foi realizada na sexta-feira (12) e, em seguida, o casal apagou as contas na rede social. Nesta quarta-feira, Santos postou, em outra rede, um vídeo com um pedido de desculpas sobre o ocorrido.

"Não era a minha intenção de forma alguma magoar alguém, ofender alguém e, de forma alguma, ser racista, mas agi com palavras infantis e estou aqui para reconhecer, e repugnar todas as minhas palavras, aquela minha atitude grosseira. Quero pedir perdão para todas as pessoas que eu tenha ofendido, em especial, a comunidade negra, que tem se ofendido com as palavras. Queria pedir o perdão de cada um de vocês", disse.

A reportagem do site G1 entrou em contato com Rodrigo, mas ele preferiu se pronunciar apenas pelo vídeo publicado. Informou ainda que não é pastor da Igreja Batista do Calvário.

De acordo com a Edna, os grupos de Toledo buscam apoio de outras entidades para a abertura do processo.

"O racismo nunca deixa rastro, mas ele deixou. A gente está falando de um caso, mas atrás dele tem muita gente. Por isso, essa situação serve de alerta, para que a gente amadureça enquanto sociedade sobre o preconceito que vivemos."

De acordo com a promotoria de Justiça de Toledo, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) teve conhecimento do caso na manhã desta quarta-feira e está adotando as providências cabíveis em relação a investigação dos fatos.

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