Em seis meses, o Governo do Paraná mapeou 896 tecnologias desenvolvidas em diferentes instituições de ensino superior e de pesquisa. O trabalho foi desenvolvido por 50 bolsistas do programa Agente Regional de Inovação (ARI), que atuam em 38 municípios como facilitadores da transferência de tecnologia. O balanço das atividades desde maio deste ano, quando foi lançado, revela um movimento robusto de conexão entre os pesquisadores e o setor produtivo, demonstrando uma capacidade de transformação no ecossistema de ciência e tecnologia.
Com previsão de duração até dezembro de 2027, a iniciativa é coordenada pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), e conta com a parceria da Fundação Araucária e de nove universidades – sete estaduais e duas federais. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas do Paraná (Sebrae/PR) também é um parceiro estratégico da ação, que tem como objetivo identificar competências científicas, grupos de pesquisa e patentes com potencial de comercialização para conectar esses ativos tecnológicos às demandas do mercado.
Os números iniciais confirmam a vocação do programa para ser um catalisador de negócios inovadores. Além das centenas de soluções inovadoras já identificadas, os agentes mapearam 1.076 empresas com potencial para efetivar transferências de tecnologia. O trabalho de prospecção também destacou 12 municípios com alto potencial para adquirir e aplicar inovações resultantes de pesquisas científicas nas regiões Metropolitana de Curitiba, Norte, Sudoeste e Norte Pioneiro.
Para o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, o programa consolida uma estratégia de governo para o desenvolvimento local e regional. “Os resultados positivos em tão curto prazo mostram a relevância desse programa que conecta o setor acadêmico ao empresarial, pois nossos bolsistas levam as demandas do setor produtivo até nossos ativos tecnológicos, que buscam as soluções necessárias, fortalecendo assim essa ponte para que a área de ciência e tecnologia gere desenvolvimento para todo o Paraná”, afirma.
Governança municipal
Um dos pilares estratégicos das atividades do ARI é o fortalecimento da estrutura de inovação nos municípios. Todos os 50 agentes atuam diretamente nas governanças municipais de inovação das 38 cidades onde o programa está presente. Esse trabalho já rende frutos concretos: três municípios (Guarapuava, Pitanga e Rio Negro) reativaram as governanças, enquanto dois (Castro e Fazenda Rio Grande) implementaram essa estrutura pela primeira vez.
No campo legislativo, o programa também tem sido um agente indutor. Três cidades (Castro, Paranaguá e Antonina) aprovaram a Lei de Inovação com o apoio dos agentes. Outras três (Imbituva, Fazenda Rio Grande e Cambé) estão com projetos em fase final de aprovação, e mais cinco (Mandaguari, Cascavel, Marechal Cândido Rondon, Toledo e Francisco Beltrão) iniciaram processos de revisão das normativas legais, a fim de modernizar o ambiente para negócios inovadores.
Método estruturado
Os agentes alocados na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) adotaram uma abordagem sistemática para fortalecer a conexão com o setor produtivo empresarial de Cascavel, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Palotina e Toledo. Os bolsistas visitaram os pesquisadores de todos os programas de pós-graduação dos cinco câmpus da instituição para mapear o conhecimento técnico-científico e potenciais de inovação.
O objetivo é fazer um diagnóstico completo do capital intelectual da Unioeste, identificando como as linhas de pesquisa podem ser aplicadas para resolver desafios reais das empresas da região. Na prática, a metodologia proposta pelos bolsistas busca estabelecer um alinhamento estratégico com objetivos mensuráveis e engajar os acadêmicos nas respectivas áreas especializadas.
O Administrador Glauber Adenir Soares Preto, bolsista da Unioeste em Toledo, enfatiza a importância de estabelecer um elo entre o conhecimento acadêmico e as demandas do mercado. “Essa ponte entre o setor produtivo e as universidades promove benefícios concretos para todos, pois ao conectar a capacidade inovadora das empresas a uma infraestrutura robusta de produção acadêmica, os agentes de inovação contribuem para um ambiente propício para o surgimento de parcerias sólidas baseadas em pesquisa científica e para o desenvolvimento de novos projetos”, explica.
Laboratórios do futuro
Em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, o programa foi fundamental para o município prospectar R$ 1 milhão via emenda parlamentar para a área de inovação. Desse montante, R$ 945 mil serão investidos em dois projetos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com foco em estudantes do Ensino Médio. O primeiro consiste em implantar um laboratório virtual de ciências, oferecendo experiências práticas e interativas em Biologia e Química em um ambiente digital imersivo.
O segundo projeto tem como objetivo estruturar um laboratório de impressão 3D, espaço onde os jovens aprenderão a desenvolver protótipos em três frentes: tecnologia assistiva para pessoas com deficiência; materiais didáticos personalizados e de baixo custo; e soluções sustentáveis para a comunidade. A ideia é preparar esses alunos para as demandas do mercado de trabalho, incentivando a criatividade e a inovação com responsabilidade social.