A Rússia informou à Áustria que está suspendendo as entregas de gás ao país europeu a partir deste sábado (16), em um movimento que sinaliza a rápida aproximação do fim dos últimos fluxos de gás de Moscou para a Europa.
A suspensão significa que a Rússia agora só fornecerá volumes significativos de gás para a Hungria e a Eslováquia, em forte contraste com as décadas de domínio que a levaram a atender 40% das necessidades de gás da União Europeia antes da invasão da Ucrânia por Moscou em 2022.
A Áustria foi o primeiro país da Europa Ocidental a comprar gás russo quando a URSS assinou um contrato de gás em 1968, poucos meses antes da invasão soviética da Tchecoslováquia.
Este ano, o relacionamento será encerrado após uma disputa contratual entre a Gazprom, da Rússia, e a OMV, da Áustria.
Em um aviso publicado na plataforma do centro de gás da Europa Central, a OMV disse que a Gazprom informou que o fornecimento seria interrompido neste sábado. A Gazprom se recusou a comentar.
A Áustria é um dos poucos países europeus que ainda dependem do gás russo, já que grande parte do restante do continente reduziu as importações após a invasão da Ucrânia.
A OMV disse que tem se preparado para o eventual corte do gás russo e que ainda pode fornecer gás a seus clientes importando via Alemanha, Itália e Holanda.
"Ainda esperamos que isso agrave a crise de energia na Áustria que fez com que a demanda de gás caísse significativamente e atingiu seu setor de manufatura", disseram analistas da Eurointelligence.
"A economia da Áustria está atualmente presa em uma recessão. A Alemanha está espirrando, e a Áustria está pegando o resfriado", acrescentaram.
A Alemanha também dependia muito do gás russo antes da guerra, mas as remessas cessaram quando os gasodutos Nord Stream sob o Mar Báltico foram explodidos em 2022.
A notificação do fim dos suprimentos para a Áustria veio no momento em que o presidente russo, Vladimir Putin, e o chanceler Olaf Scholz, da Alemanha - o maior cliente de gás da Rússia até as forças de Moscou invadirem a Ucrânia - tiveram sua primeira conversa telefônica desde dezembro de 2022.
A Rússia está pronta para analisar acordos de energia se Berlim estiver interessada, disse o Kremlin.
"Foi enfatizado que a Rússia sempre cumpriu estritamente seus tratados e obrigações contratuais no setor de energia e está pronta para uma cooperação mutuamente benéfica se o lado alemão mostrar interesse nisso", finalizou o Kremlin.