O Paraná é o terceiro estado que mais apreendeu agrotóxicos contrabandeados nos últimos cinco anos no país, de acordo a Receita Federal. De 2017 a agosto de 2022, o estado apreendeu R$ 9.114.028,72 em materiais ilegais.
O estado fica atrás apenas do Rio Grande do Sul, que lidera o ranking com R$ 16.522.019,65 em apreensões e Mato Grosso do Sul, com R$15.789.193,11.
'Porta de entrada' no Paraná
A região de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, concentra mais de 80% das apreensões feitas no estado.
Segundo a Receita, das 3,2 mil unidades apreendidas em 2022, mais de 2,3 mil foram na região oeste - que abrange cerca de 30 municípios.
O órgão afirma que os produtos entram no Paraná principalmente pelas fronteiras com Paraguai e Argentina na região de Foz do Iguaçu, seja por meios terrestres ou com o uso de embarcações pelos rios e pelo lago de Itaipu.
Variação de apreensões de agrotóxicos no PR
De 2017 a agosto deste ano, houve grande oscilação nas apreensões no estado, conforme dados repassados pela Receita Federal.
A Receita afirmou que alguns fatores ajudam a explicar a diferença entre os valores apreendidos de um ano para outro.
Um dos argumentos é que, com a proibição de alguns produtos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - como o herbicida Paraquat, banido em 2017 -, o número de apreensões aumenta, especialmente nos anos seguintes à restrição.
Outro fator, segundo a Receita, é que o crescimento das áreas de plantio no país, somado à alta do preço dos insumos para produção de agrotóxicos, aumenta a busca por produtos contrabandeados - mais baratos do que os comercializados no mercado regular.
Identificação de agrotóxicos contrabandeados
Conforme a Receita, produtos considerados contrabandeados são aqueles sem autorização de uso pelos órgãos reguladores.
A cor e o cheiro do produto podem ser parâmetros para identificação prévia de agrotóxicos contrabandeados.
"A identificação prévia da embalagem e evidência prévia através de inspeção visual (coloração) e cheiro são indicativos de que possa se tratar de produtos irregulares. A confirmação se dá com a remessa para laudo," afirmou em nota a Receita Federal da região Sul.
Após a apreensão, os produtos são encaminhados a laboratórios credenciados para a realização de laudos com a utilização de equipamentos específicos.
A Receita afirmou que, em alguns casos, os produtos irregulares também são transportados em embalagens de produtos lícitos para driblar a fiscalização.
Conforme a Receita, todos os produtos apreendidos são destruídos e descartados corretamente.
Produtos mais apreendidos e riscos à saúde
Dados da Receita Federal mostram que os agrotóxicos com maior registro de apreensão no Paraná são o "tiametoxam" e o "benzoato de emamectina".
Apesar de ser regulado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o "benzoato de emamectina" é altamente tóxico e era proibido no Brasil até 2017.
O produto foi liberado apenas em concentração máxima de até 5%. Hoje, só uma empresa detém registro para vender o produto no país.